Polícia prende quem aplicava golpes em clientes de bancos

Foi preso em Fortaleza Josenias Barbosa dos Santos, 29, considerado o líder de uma quadrilha de hackers que aplicou golpes em correntistas de bancos de todo o país, pela internet, de cerca de R$ 100 milhões.Santos deve ser transferido ainda hoje para a sede da Polícia Federal de Belém, onde teve a prisão temporária decretada. À polícia, em depoimento informal, ele teria admitido ter participado de golpes pela internet "no passado", mas disse que, agora, estaria "parado". Ao todo, já foram presas 27 pessoas suspeitas de participar da quadrilha.

No começo do mês, 23 pessoas foram presas em quatro Estados. A operação, chamada Cavalo de Tróia, mobilizou 250 agentes da PF no Pará, no Maranhão, no Piauí e em Goiás. O golpe vinha sendo aplicado havia um ano.

A quadrilha conseguia entrar no computador do correntista por "spams", e-mails com propagandas. O grupo usou, como atrativos, mensagens pornô, evangélicas, anúncios sobre o Fome Zero e sobre o programa de TV Big Brother Brasil --somente desse último foram enviadas, segundo a PF, cerca de 300 mil mensagens eletrônicas.

Quando o usuário abria o "spam", a quadrilha, de forma invisível, por meio de um programa específico, conseguia ter acesso a números de contas bancárias e senhas, quando o correntista fizesse qualquer operação financeira no site oficial do banco.

Em uma das fraudes, o grupo sacou da conta de uma empresa de Brasília R$ 350 mil, num só dia, segundo a PF.

Entre os suspeitos estão dois funcionários de bancos, o que configura crime contra o sistema financeiro. Pela falta de uma legislação específica sobre crimes cometidos pela internet, a PF está enquadrando os hackers por estelionato e formação de quadrilha.

Segundo o delegado Jaime de Paula Pessoa, da Delegacia de Defraudações e Falsificações de Fortaleza, que prendeu Santos, desde o dia 5 ele fugia da PF. Antes de chegar à capital do Ceará, ele já havia passado pelo Piauí e por Goiás.

Em Fortaleza, o hacker alugou um apartamento de luxo na área nobre da cidade, onde ainda continuava a praticar o golpe, a partir de um laptop. De acordo com a PF, na quarta e na quinta-feira da semana passada, Santos ainda cometera fraudes. A Agência Folha não obteve autorização para falar com o acusado, que ainda não havia constituído advogado.

Por: KAMILA FERNANDES