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O Linux se rende ao mercado
Nascido como um sistema alternativo, o programa tornou-se fonte de receitas para fornecedores tradicionais.Há um adágio segundo o qual quem nunca foi comunista na juventude não tem coração, mas quem continua comunista depois da maturidade não tem razão. O provérbio é controverso, mas parece ser seguido à risca no setor de software. É o que sugere a história do Linux, sistema criado no início dos anos 90 que se diferencia por não cobrar licenças de uso e permitir que seu código-fonte seja livremente copiado e modificado. Com essa proposta, o Linux caiu no gosto de programadores espalhados pelos quatro cantos do mundo. Trabalhando de forma voluntária, com o reconhecimento intelectual como única recompensa, essa comunidade aprimora constantemente o sistema. O apoio dessa turma é tão entusiasmado que por vezes ganha contornos ideológicos. Alguns parecem acreditar que o programa libertará o mundo da ganância dos fornecedores tradicionais, cuja maior imagem é a Microsoft. O Linux seria o principal representante de uma espécie de socialismo dos bits. Ironicamente, o crescente sucesso que o produto vem conquistando se deve justamente à sua conversão ao mercado.
Saem os jovens programadores trajando bermudas e tênis, entram os executivos engravatados. Alguns dos maiores e mais tradicionais fornecedores de tecnologia, como IBM, Oracle e HP, abraçaram o Linux e gradativamente o colocaram no centro de suas estratégias. Essas empresas estão faturando alto com o sistema que outrora se apresentava como alternativa ao status quo do mercado tecnológico. É verdade que o Linux nem sequer arranha a supremacia do Windows nos computadores pessoais. Mas já é uma séria alternativa para servidores, os grandes computadores que controlam as redes corporativas. A consultoria IDC estima que o conjunto de produtos e serviços que gravitam ao redor do Linux vá gerar 35 bilhões de dólares mundialmente em 2008. No Brasil, dos 850 milhões de dólares que a venda de servidores movimentou em 2006, cerca de 12% vieram de negócios envolvendo máquinas munidas com o sistema que tem o pingüim como símbolo. No começo da década, esse número era apenas 2%. Um estudo da Fundação Getulio Var gas mostra que mais de 16% dos servidores instalados nas empresas nacionais rodam Linux -- participação que aumenta a cada ano. Grandes fornecedoras que competem com a Microsoft em vários mercados precisavam de uma alternativa, diz Fernando Meirelles, da FGV. Elas têm interesse estratégico e legítimo de apoiar o Linux.
E é exatamente o que estão fazendo. Atualmente, todos os equipamentos que a IBM vende são adaptados para o sistema de código aberto. Além disso, mais de 700 softwares que a companhia desenvolve, desde banco de dados até programas de e-mail, rodam sobre o sistema operacional. O Linux tornou-se um dos eixos centrais da atuação da IBM, diz Haroldo Hoffmann, diretor de iniciativas estratégicas da Big Blue. A Oracle segue uma tática semelhante. A companhia apóia o Linux desde 1998, por orientação direta de seu executivo-chefe, Larry Ellison. No último ano fiscal, ultrapassamos a marca de 1 bilhão de dólares em receitas de produtos e serviços relacionados ao Linux, diz Luiz Meisler, vice-presidente sênior da Oracle para a América Latina.
À primeira vista, parece natural supor que a conta nunca vai fechar para fornecedores que trabalham com um produto conhecido justamente por ser entregue de graça. Natural -- e equivocado. O Linux é realmente oferecido sem cobrar a tradicional licença de uso. Mas o fato é que um sistema operacional não significa nada sozinho e representa apenas uma fração dos custos totais de grandes projetos de tecnologia nas empresas -- que também incluem o apoio de uma consultoria, compra de máquinas e acordos de assistência técnica. Uma fornecedora como a IBM fatura alto com cada um desses itens. A conta fecha -- e geralmente com muitos zeros à direita.
A comunidade do Linux também ganha com isso. Sua disseminação no ambiente empresarial deve-se a esse apoio de grandes fornecedores. Petrobras, Casas Bahia e Itautec -- para ficar só em casos brasileiros -- não adotaram a tecnologia só por suas qualidades técnicas. É fundamental ter um contrato de instalação, suporte e atualização com um prestador de serviços confiável, que não vai desaparecer do dia para a noite. Da mesma forma, é preciso uma ampla oferta de software e máquinas preparadas para trabalhar num ambiente de Linux. As fornecedoras tradicionais de tecnologia garantem essas condições. Algumas fizeram ainda mais: a Oracle, por exemplo, realizou nos últimos anos uma migração completa dos sistemas que garantem seu próprio funcionamento para Linux. Somos uma vitrine do sucesso do Linux, diz Meisler. Hoje, todos os 12 000 servidores da companhia, que emprega 75 000 pessoas, rodam o software livre. Nada mau para um programa que, em sua juventude, pretendia ser a esquerda do mercado de tecnologia. Que diferença fazem alguns cabelos brancos.
Saem os jovens programadores trajando bermudas e tênis, entram os executivos engravatados. Alguns dos maiores e mais tradicionais fornecedores de tecnologia, como IBM, Oracle e HP, abraçaram o Linux e gradativamente o colocaram no centro de suas estratégias. Essas empresas estão faturando alto com o sistema que outrora se apresentava como alternativa ao status quo do mercado tecnológico. É verdade que o Linux nem sequer arranha a supremacia do Windows nos computadores pessoais. Mas já é uma séria alternativa para servidores, os grandes computadores que controlam as redes corporativas. A consultoria IDC estima que o conjunto de produtos e serviços que gravitam ao redor do Linux vá gerar 35 bilhões de dólares mundialmente em 2008. No Brasil, dos 850 milhões de dólares que a venda de servidores movimentou em 2006, cerca de 12% vieram de negócios envolvendo máquinas munidas com o sistema que tem o pingüim como símbolo. No começo da década, esse número era apenas 2%. Um estudo da Fundação Getulio Var gas mostra que mais de 16% dos servidores instalados nas empresas nacionais rodam Linux -- participação que aumenta a cada ano. Grandes fornecedoras que competem com a Microsoft em vários mercados precisavam de uma alternativa, diz Fernando Meirelles, da FGV. Elas têm interesse estratégico e legítimo de apoiar o Linux.
E é exatamente o que estão fazendo. Atualmente, todos os equipamentos que a IBM vende são adaptados para o sistema de código aberto. Além disso, mais de 700 softwares que a companhia desenvolve, desde banco de dados até programas de e-mail, rodam sobre o sistema operacional. O Linux tornou-se um dos eixos centrais da atuação da IBM, diz Haroldo Hoffmann, diretor de iniciativas estratégicas da Big Blue. A Oracle segue uma tática semelhante. A companhia apóia o Linux desde 1998, por orientação direta de seu executivo-chefe, Larry Ellison. No último ano fiscal, ultrapassamos a marca de 1 bilhão de dólares em receitas de produtos e serviços relacionados ao Linux, diz Luiz Meisler, vice-presidente sênior da Oracle para a América Latina.
À primeira vista, parece natural supor que a conta nunca vai fechar para fornecedores que trabalham com um produto conhecido justamente por ser entregue de graça. Natural -- e equivocado. O Linux é realmente oferecido sem cobrar a tradicional licença de uso. Mas o fato é que um sistema operacional não significa nada sozinho e representa apenas uma fração dos custos totais de grandes projetos de tecnologia nas empresas -- que também incluem o apoio de uma consultoria, compra de máquinas e acordos de assistência técnica. Uma fornecedora como a IBM fatura alto com cada um desses itens. A conta fecha -- e geralmente com muitos zeros à direita.
A comunidade do Linux também ganha com isso. Sua disseminação no ambiente empresarial deve-se a esse apoio de grandes fornecedores. Petrobras, Casas Bahia e Itautec -- para ficar só em casos brasileiros -- não adotaram a tecnologia só por suas qualidades técnicas. É fundamental ter um contrato de instalação, suporte e atualização com um prestador de serviços confiável, que não vai desaparecer do dia para a noite. Da mesma forma, é preciso uma ampla oferta de software e máquinas preparadas para trabalhar num ambiente de Linux. As fornecedoras tradicionais de tecnologia garantem essas condições. Algumas fizeram ainda mais: a Oracle, por exemplo, realizou nos últimos anos uma migração completa dos sistemas que garantem seu próprio funcionamento para Linux. Somos uma vitrine do sucesso do Linux, diz Meisler. Hoje, todos os 12 000 servidores da companhia, que emprega 75 000 pessoas, rodam o software livre. Nada mau para um programa que, em sua juventude, pretendia ser a esquerda do mercado de tecnologia. Que diferença fazem alguns cabelos brancos.
Fonte:
INFO Online
URL Fonte: https://totalsecurity.com.br/noticia/1819/visualizar/
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