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Segurança
Quinta - 25 de Fevereiro de 2010 às 00:54
Por: Mike Elgan

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 Um especialista em seguros contou ao jornal britânico Telegraph que o uso de serviços sociais móveis baseados em localização, como o Google Buzz, o Twitter, o Facebook e o Foursquare poderiam fazer com que o prêmio de seguro aumentasse, ou mesmo motivar a recusa de pedidos de indenizações.

Por que?

Um site web criado como brincadeira, chamado “Please Rob Me” (por favor me roube), levantou uma verdade cruel, mas óbvia, sobre as redes sociais móveis que se apoiam em tecnologias de localização: quando você diz ao mundo onde está, também está dizendo aos ladrões que você não está em casa.

No início, o site originalmente mostrava uma corrente de posts, do Twitter e do Foursquare, que poderiam interessar a criminosos. Desde então, o Twitter se desligou do site e, aparentemente, todos os novos posts no Please Rob Me vêm do Foursquare.

Cada post começa com o nome do usuário, seguido por “left home and checked in” (algo como ‘saiu de casa e apareceu em’) e pelo endereço exato de onde a pessoa está.

Negligência virtual
Observadores da indústria de seguros, como o entrevistado pelo Telegraph, preveem que, quando um cliente for roubado e buscar a indenização prevista no seu contrato de seguro, as empresas seguradoras provavelmente investigarão para ver se esse cliente disseminou informações em redes sociais de um modo que caracterizaria “negligência”.

Eles poderiam também tornar os seguros contra roubo contratados por usuários de redes sociais equivalentes aos dos fumantes no caso dos seguros de saúde – ou seja, tratá-los como uma categoria de clientes que pagam prêmios mais caros, por oferecer mais risco.

E, se o Twitter e o Foursquare podem expor os usuários a criminosos, o Google Buzz é ainda mais comprometedor.

Com o uso dos recursos de localização móvel do Google Buzz em combinação com o Google Profiles e outros serviços grátis da internet, criminosos podem descobrir rapidamente quem você é, onde está, qual sua aparência, onde mora, e se está em casa. Golpistas podem rastrear suas vítimas e obter, pela rede, todas as informações de que precisa para armar seus golpes.

É uma notícia ruim para o Google, diante da já problemática estréia do Buzz. Assim que o Buzz surgiu, os usuários passaram a ser automaticamente seguidos por uma lista de pessoas com as quais eles trocaram e-mails mais recentemente.

A menos que os usuários fossem habilidosos o suficiente para mudar as configurações de privacidade no Google Profiles, algo que a maioria deles sequer suspeitava que existia, essa lista dos contatos mais freqüentes era tornada pública.

Médicos e advogados tiveram as identidades de seus pacientes e clientes reveladas. Contatos pessoais foram expostos a empregadores. Erros foram cometidos. O Google se desculpou e consertou o problema, mas não a tempo de evitar uma ação de classe na Justiça dos EUA.

É fácil falar do Google, pois seus serviços são muito populares, e o Buzz ainda é novidade. Mas a verdade é que o Buzz é apenas uma pequena parte da nova “insegurança social”. Nós abraçamos a inovação rumo a um estranho novo mundo de confusão e de comprometimento da privacidade.

Quanta privacidade ainda temos?
Nós vivemos agora em um mundo de serviços online onde a privacidade é frequentemente violada como padrão.

Para entender isto e fazer algo a respeito, você precisa ser uma pessoa excepcional. O usuário ou consumidor médio não pode nem imaginar como resguardar sua privacidade.

Uma política mínima de salvaguarda da privacidade pessoal requer hoje em dia que os usuários tomem ações inteligentes a respeito de configurações relativamente obscuras, pouco discutidas, profundamente escondidas e frequentemente confusas em serviços como Facebook, Gmail, Profiles, Twitter e um mundo de outros serviços sociais online – e, acima de tudo, em seu próprio aparelho celular.

Suas fotos no Facebook são configuradas como públicas ou privadas? Quando você publica fotos de seus filhos ou da esposa no Facebook, elas estão disponíveis para sites de busca de imagens? Haverá lunáticos buscando essas fotos no Google, no Bing ou no Yahoo para republicá-las em sites igualmente lunáticos?

Quando você publica algo usando o Google Buzz, seus tweets vão para as pessoas que o seguem ou para o mundo todo?

O recurso de localização GPS de seu celular está ligado ou desligado? Se estiver ligado, há algum serviço, empresa ou pessoa capaz de acessar seus dados?

Pode apostar: mais de 90% dos usuários não saberiam responder a essas questões. Mas mesmo os usuários mais habilidosos geralmente não fazem ideia de quanto de sua privacidade tem sido violada.

E-mail e sigilo
Por exemplo, sabemos que os computadores do Google leem todos os seus e-mails todo dia. Programas especiais varrem as palavras que enviamos e recebemos para que o Google possa incluir anúncios próximos às mensagens, que sejam relacionadas com as conversas.

Será que os funcionários do Google leem tais mensagens, talvez como exemplo de pesquisa ou marketing? Como saberemos se isso ocorreu? E se você confia no governo dos EUA, será que o governo da China está lendo seus e-mails? Hackers? Chantagistas? Seu patrão? Como saberemos?

Não é só que você não sabe quem está lendo seu e-mail. Você simplesmente não pode saber. E nunca saberá.

Como disse profeticamente Scott McNealy, fundador da Sun Microsystems, 11 anos atrás: “Você tem privacidade zero de qualquer forma. Acostume-se a isso.” Mas já não é tão simples.

Ele estava falando mais de preocupações sobre privacidade comprometida por empresas e governos, que poderiam potencialmente, de algum modo, usar seus dados privados para propósitos que você não aprovaria.

Mas agora, graças aos serviços sociais que não existiam quando McNealy levantou sua verdade inconveniente, o tema privacidade simplesmente explodiu.

Nós ainda temos de nos preocupar com governos e corporações, mas agora também devemos ficar preocupados com empregadores, criminosos e até membros da família.

Eis cinco exemplos dos muitos modos de como a privacidade pode ser violada.

1::Marcação de fotos no Facebook
Você é um cidadão respeitável, um pilar da comunidade. Você é ativo na câmara de comércio e nas organizações locais de caridade. Você é um executivo sênior em sua empresa, e um membro ativo da igreja. Seus filhos acham que é perfeito. Aí seu antigo colega de colégio publica uma foto em que você aparece vomitando sem camisa em uma rave punk nos anos 80, com um cigarro numa das mãos, uma garrafa de uísque na outra, e um cabelo rosa estilo moicano na cabeça. Ele marca você na foto, que é colocada no seu mural do Facebook. Agora essa foto foi compartihada com sua mãe, seus filhos, seu chefe, seus colegas. Uma vez vista, não pode ser esquecida. Se alguém copiou a foto, ela agora estará “lá fora”. Desista de concorrer a qualquer cargo público.

2::Bisbilhotice via Google Buzz
Quando você disparar o Google Buzz em seu iPhone, celular com Android ou – daqui a pouco, provavelmente – qualquer smartphone, e tocar o botão Nearby, você terá uma lista de posts de estranhos na tela, listados de acordo com a distância até você. Seus nomes de usuários poderão levar a seus perfis, o que provavelmente permitirá o contato via e-mail (como o Craigslist, o endereço de e-mail pode ser privativo, mas qualquer um ainda poderá enviar e-mail via Profiles). O que impedirá qualquer comércio de abrir o Buzz todo dia e colher contatos de pessoas que vivem ou passam pela vizinhança?

3::Coleta de provas no Street View
As chances de que você apareça em pessoa no Google Street View é próxima de zero. As chances de que muitas pessoas sejam expostas ao Street View fazendo algo embaraçoso é próxima de 100%. Graças ao compartilhamento social, toda transgressão capturada pela van do Google Street View será exposta, transmitida, compartilhada e armazenada para sempre em centenas ou milhares ou milhões de discos rígidos ao redor do mundo. Se você é um desses sortudos pegos fazendo algo desagradável no Street View, as pessoas que você conhece ficarão sabendo. E fotos engraçadas são para sempre.

4::Mistura de grupos sociais
É fácil esquecer quem o está seguindo. Os usuários do Facebook geralmente publicam informações comprometedoras. Alguém poderia, por exemplo, dizer à empresa que ficou doente apenas para ir à praia – esquecendo que seu chefe é um de seus amigos no Facebook. Jovens podem ter seus colegas em mente quando publicam algo, mas se esquecem de suas mães. E em redes sociais como o Twitter ou o Buzz, é possível que as pessoas que você conhece o seguem sob um pseudônimo.

5::Compartilhamento do tipo “faça e esqueça”
Novos serviços sociais surgem todo o tempo. Nós nos inscrevemos, experimentamos, e depois nos esquecemos dele quando coisas novas e mais brilhantes surgem no horizonte. Por exemplo, o Google lançou o serviço de localização Latitude há um bom tempo. Você o experimentou? Se sim, você o desligou? Você ainda pode ser rastreado? A dura realidade é que a maioria de nós não tem idéia se deixamos um rastro de serviços comprometedores da privacidade em nosso caminho.

Claro que McNealy estava certo. Em teoria, nossa privacidade é zero. Uma pessoa ou organização motivada e habilidosa pode sempre aprender mais coisas sobre nós do que nós mesmo somos capazes de saber.

É uma boa ideia colocar o senso comum em ação quando usar a internet. Não publique informações que possam ser úteis a golpistas. Tenha cuidado com o que compartilha, e com quem compartilha. Atenção quando comunicar sua localização, seja manualmente ou automaticamente. Mas mesmo o mais meticuloso usuário antissocial não poderá atingir a verdadeira privacidade.

A estranha nova realidade da “insegurança social” é esta: o melhor que podemos fazer é tornar a violação da nossa privacidade um pouco menos conveniente para aqueles que a pretendem explorá-la.

 






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