Banco acaba com senha númerica no caixa eletrônico
Desde novembro, contudo, os correntistas do Banco do Brasil passaram a utilizar, nos caixas eletrônicos, apenas uma dessas senhas – o código de acesso, com letras e sílabas – para efetuar operações, como saques. As operações em terminais de ponto de venda continuam exigindo senha numérica.
“A senha numérica deixou de ser exigida nos caixas eletrônicos justamente para protegê-la de mau uso em outros canais”, explica o gerente executivo da unidade de gestão de segurança do Banco do Brasil, Luiz Fernando Martins.
Adicionalmente, o fim da exigência de duas senhas também fez com que a operação do caixa eletrônico ficasse mais rápida, acrescenta Martins.
Chupa-cabras
O gerente explica que, eventualmente, golpistas instalam equipamentos (conhecidos como chupa-cabras) nos caixas eletrônicos, para copiar o conteúdo dos cartões e obter suas senhas.
Algumas vezes, os criminosos chegam a instalar câmeras ocultas para filmar a sequência digitada pelo cliente. “Temos cerca de 43 mil terminais hoje e seria muito difícil vigiá-los todos”, diz.
Ao todo, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o País tem cerca de 173 mil caixas eletrônicos.
O uso de equipamentos de clonagem de cartão e de roubo de senhas afeta até mercados mais desenvolvidos, como o dos Estados Unidos e o da Europa.
Em alguns Estados dos EUA, patrulhas chegam a inspecionar postos de gasolina de beira de estrada para procurar por equipamentos de clonagem - que, em alguns casos, transmitem os dados aos criminosos por redes Wi-Fi e celular.
Martins explica que a senha de maior valor para os golpistas é a senha numérica, porque ela é exigida no caso de compras no varejo ou no acesso ao Internet Banking.
Já o código de acesso com letras se baseia na associação de cada tecla lateral do caixa a uma lista de cinco letras ou sílabas diferentes, o que dificulta sua decifração por eventuais golpistas, afirma o gerente.
Senha segura
O uso combinado de letras e sílabas, em vez de apenas letras, também ajudou a tornar o código de acesso mais seguro, detalha o banco.
Em alguns casos de adulteração de caixa eletrônico, diz Martins, os golpistas chegam a embutir uma tela dentro da máquina, para fazer com que o correntista digite sua senha diretamente no computador dos bandidos.
“Para deduzir o código, os golpistas induziam o cliente a fazer a transação. Quando ele digitava a sequencia das letras, a máquina dava uma menasgem de erro e pedia a redigitação”, explica. Com isso, eles conseguiam descobrir o código.
O “pulo do gato” do Banco do Brasil, segundo Martins, foi usar a Teoria dos Conjuntos para criar um subconjunto diferente de códigos possíveis para cada cliente, com 25 letras ou sílabas.
“Cada cliente tem seu próprio conjunto de símbolos. Com isso, o caixa [que tiver uma tela adulterada] não vai exibir as letras que aquele determinado cliente tem de digitar”, diz o gerente.
Martins não forneceu números sobre a redução de golpes, mas garantiu que já foi possível sentir a diferença. “Percebemos uma brutal redução nas perdas reclamadas por fraude em outros canais”, diz.
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