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Terça - 27 de Abril de 2004 às 23:55
Por: Observador

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Com acesso irrestrito ao código-fonte, para execução ou modificação à vontade, o modelo de sistema aberto é muito diferente de software proprietário. E essas diferenças têm se provado atrativas o suficiente para fazer muitos CIOs mudarem. Mas, nessa briga que tem entre seus principais protagonistas a gigante e onipresente Microsoft, o resultado está longe da conclusão.

MITO 1
O ATRATIVO É O PREÇO

Um dos benefícios mais alardeados dos sistemas abertos é o preço. Baixe o software e instale-o sem pagar um centavo. Essa é a teoria. Para um número surpreendente de empresas usuárias, porém, o preço do sistema aberto — ou a falta de — é irrelevante. “Não se trata de ser barato”, insiste John Alberg, CIO, CTO e vice-presidente de engenharia da Employease, administradora de benefícios de empregados de mais de mil organizações nos Estados Unidos. “Tem a ver com funcionar eficazmente – e estamos dispostos a pagar bastante por isso. Queremos software estável que faz o que promete.” O que Alberg acha fascinante na mudança para sistema aberto é a melhoria de desempenho resultante. A migração para Linux, por exemplo, reduziu drasticamente o índice de falha de servidor da empresa. Normalmente, sob o NT, um servidor da empresa falhava a cada dia. “Agora, temos no máximo duas falhas por mês e freqüentemente não temos nenhuma em um mês”, diz o executivo.

Mesmo assim, Alberg tem o cuidado de deixar claro que seu compromisso com sistema aberto não é um comportamento de compra cego de um fanático. Ele não recorreria a sistema aberto se fosse mais caro do que código proprietário, por exemplo. “O Solaris é um sistema operacional comercial forte. Nós o teríamos escolhido em vez de sistema aberto se fosse mais barato”, completa o executivo.

MITO 2
A ECONOMIA NÃO É REAL

O software de sistema aberto foi descrito como “gratuito”, como um animal de estimação dado de presente. Ou seja, é fato sim que existe ausência de taxas de licenciamento, mas que elas têm de ser contrabalançadas com custos de treinamento, suporte e manutenção. Por outro lado, os proponentes de sistema aberto também citam custos reduzidos das mudanças exigidas pelo fornecedor, em que os fabricantes requerem que os usuários migrem para uma nova versão ou paguem por suporte extra. A maioria dos usuários que contatamos para esta reportagem afirmou ter uma economia líquida com software sistema aberto – freqüentemente, substancial.

Na Sabre Holdings, dona do sistema mundial de reservas aéreas Sabre, está em andamento uma importante migração para sistema aberto, impulsionada pela projeção de uma economia de dezenas de milhões de dólares nos próximos cinco anos. A companhia possui dois grupos distintos de computadores, explica o CTO, Craig Murphy. Onde a confiabilidade é essencial, como as aplicações para venda de produtos (ou “dados de registro”), a Sabre Holdings usa sistemas HP tolerantes a falhas. Mas aplicações de compra — em que clientes e agentes de viagens pesquisam os melhores negócios — rodam em um data center de máquinas mais baratas. Nesse ambiente, cada computador tem seu próprio banco de dados aberto MySQL, sincronizado por uma aplicação da GoldenGate com as regras, tarifas e informações sobre disponibilidade no sistema de dados de registro tolerante a falhas.

Os sistemas de compras estavam em HP-UX, mas todos esses servidores foram passados para um sistema operacional sistema aberto — Red Hat Enterprise Linux AS. “O grande atrativo nesse caso foi o custo de escala zero porque sistema aberto não requer licenças adicionais à medida que uma instalação cresce”, diz Murphy.

MITO 3
NÃO EXISTE SUPORTE

De acordo com Gary Hein, analista da empresa de consultoria em tecnologia Burton Group, o suporte técnico é a principal preocupação do usuário potencial de sistema aberto. “Para quem você telefona quando as coisas dão errado?” Na prática, a situação é complexa. A maioria dos projetos de sistema aberto tem um grande corpo de desenvolvedores, mailing lists na internet, arquivos e bancos de dados de suporte — tudo disponível sem custo. Esta é a boa notícia. A notícia não tão boa é que não existe uma fonte única de informação. “Uma pergunta pode resultar em múltiplas respostas conflitantes sem uma fonte oficial”, completa Hein.

Ainda assim, múltiplas fontes de suporte podem ser melhores do que ficar preso a um fornecedor. “Principalmente quando este oferece suporte ruim ou se recusa a continuar suportando software de uma determinada safra”, diz Klaus Weidner, consultor sênior da empresa de consultoria em tecnologia Atsec.

MITO 4
É UM CAMPO MINADO LEGAL

Existe uma variedade de licenças de sistema aberto e ajudar os CIOs a entender suas implicações é um bom negócio para advogados – aliás, muito bom negócio. “As preocupações dos CIOs giram em torno principalmente das implicações de utilizar código que eles não podem verificar seu direito legal de usar”, diz Jeff Norman, sócio de prática de propriedade intelectual do escritório de advocacia Kirkland & Ellis. “Só porque você tem um pedaço de papel dizendo que você é proprietário da ponte do Brooklyn, não significa que você a possua realmente.”

Para alguns usuários, a indenização de terceiros é uma opção. No dia 17 de novembro de 2003, por exemplo, o JBoss Group anunciou que vai indenizar e defender seus clientes em ações judiciais de violação de copyright ou patente do JBoss. Outros fornecedores de softwares de sistema aberto — incluindo HP, Red Hat e Novell — também oferecem indenização de vários tipos.

MITO 5
SISTEMA ABERTO NÃO É PARA APLICAÇÕES DE MISSÃO CRÍTICA

As aplicações de missão crítica não poderiam ser mais cruciais do que no segmento bancário, onde os sistemas de transação têm que funcionar e ponto final. Experimentar sistema aberto, com seus riscos inerentes de violação, segurança e manutenção, pode ser considerado um anátema. “Os bancos tendem a ser instituições mais conservadoras — primeiros seguidores, se você preferir, em vez de líderes”, diz Clive Whincup, CIO do banco italiano Banca Popolare di Milano.

Avesso a descartar as aplicações de operações bancárias legadas, que totalizam cerca de 90 milhões de linhas de Cobol, mas incapaz de mantê-las rodando sob o sistema operacional OS/2 Presentation Manager, da IBM, Whincup utilizou uma ferramenta de integração proprietária da Jacada para conectar Cobol ao WebSphere da IBM — rodando em uma partição Linux no mainframe do banco.

O resultado: aplicações antes desconexas agora rodam rapidamente em um navegador web, proporcionando maior velocidade de transação, menos tempo de treinamento de caixas de banco e muito mais oportunidades para venda cruzada de serviços do banco.

MITO 6
SISTEMA ABERTO NÃO ESTÁ PRONTO PARA O DESKTOP

Na Baylis Distribution, empresa de transporte e distribuição, o diretor de TI Chris Helps deparou com o banco de dados MySQL quatro anos atrás quando a empresa quis criar um data warehouse. E sua experiência posterior em rodar o Red Hat Linux em um ambiente de produção, com usuários se conectando ao servidor Linux principal a partir do que ele descreve como “thin clients com um sistema operacional Linux enxuto”, levou-o a reavaliar a política desktop da empresa. No final, a empresa optou por substituir a Microsoft em desktops por ferramentas de produtividade pessoal de código aberto e Linux para atividades como processamento de texto e planilhas. “Não fizemos uma avaliação formal da economia, mas um cálculo superficial é de que custa cerca de US$ 1,8 mil por estação para instalar todas as ferramentas Microsoft de que um usuário precisa. Com ferramentas sistema aberto e Linux, fica metade disso”, estima Helps.

MORAL DA HISTÓRIA
Sistema aberto é ideal para todas as organizações? No fim das contas, argumenta Andy Mulholland, CTO da Cap Gemini Ernst & Young, é uma questão de atitude. “Os argumentos a favor e contra software de sistema aberto, com freqüência, são muito banalizados”, afirma. “Não é uma questão de tecnologia; é mais uma questão de modelo de negócio.”

Isso significa que empresas com um foco externo, acostumadas a trabalhar em colaboração com outras organizações e talvez já usuárias de tecnologias colaborativas, estão posicionadas para usufruir muito mais de ambientes abertos do que empresas com um foco interno, que vêem a tecnologia em termos de economia de custo.

Fonte: ComputerWorld




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